sábado, 31 de julho de 2010

Por cada instante, milésimo de vida que deixamos para trás, fazemos escolhas que realmente, não voltam mais. Não cabe chorar o leite derramado, não vale dizer que tudo vai continuar como era antes, não acontece isso.
Creio que muitas pessoas pensam que ao fazer uma escolha, está mostrando ao mundo sua liberdade: não está. Cada escolha que fazemos não significa um passo rumo à liberdade de escolher; significa a prisão, a insignificância de não poder mais pensar nas escolhas que deixou para trás. Em suma, somos condenados à liberdade.
Passei muito tempo pensando que eu era livre, na medida do possível. Ao menos, sempre que me perguntava sobre o que era, para minha pessoa, ser livre, eu tinha muitas respostas, uma pior que a outra. Cheguei a pensar que a liberdade era um carro, que me levaria à qualquer lugar que eu quisesse. Também pensei, quando descobri que existia uma banda larga móvel, que liberdade era conexão à tudo e à todos em qualquer instante. Obviamente que eu sou rídiculo por pensar isso.
Mas também cheguei a pensar que liberdade era uma roda de amigos, um bom papo regado à boa cerveja, um som gostoso de se ouvir na vitrola, um livro de esquerda, ou qualquer outra coisa que um sujeito querendo provar sua liberdade possa pensar. Também estava errado, mesmo se tratando de escolhas nobres.
Pois bem, não há o que fazer. Fadados ao rídiculo, estão os nossos sonhos. Fadados ao desespero está a nossa vida. Somos condenados, desde o dia em que nascemos, à esta tal liberdade. Liberdade que não tem face para mim, liberdade que condena as nossas escolhas que optamos por não escolher.
Caso eu esteja correto, e, evidentemente eu não estou, a única coisa que restou para que eu possa provar que somos livres é ter a liberdade de voar. Porém, Ícaro tentou ter essa liberdade de voar há muitos anos atrás. Quase conseguiu. Por um mero detalhe, acabou tendo sua cera derretida e caindo no mar. Ícaro chegou perto. Quem sabe eu também tente um dia.


Insultos agudos aconselha: Chico Buarque - Roda Viva